Solenidade na Alepe celebra história do advogado José Cavalcanti Neves
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14/12/2021 05H21
O legado do advogado José Cavalcanti Neves, falecido aos 100 anos no último dia 16 de novembro, foi celebrado em solenidade promovida pela Alepe, na noite dessa quinta (9), no Auditório Sérgio Guerra. Único pernambucano até hoje a presidir o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ele esteve à frente do órgão entre 1971 e 1973, e foi responsável por várias tentativas de diálogo com o então presidente da República, Emílio Garrastazu Médici, para tentar restabelecer garantias legais e denunciar arbitrariedades do regime militar.
“Foi na gestão dele à frente da OAB nacional, no período mais violento da Ditadura Militar, que a entidade cobrou um ponto final nas agressões praticadas contra advogados no exercício da profissão, dando voz e rosto a uma sociedade que vivia sob o jugo do medo e da censura”, relembrou o deputado Waldemar Borges (PSB), que solicitou a homenagem. Neves também foi procurador-geral da Fazenda Nacional e ocupou a presidência da seccional pernambucana da Ordem dos Advogados do Brasil por oito mandatos.
Quando esteve à frente da OAB nacional, José Cavalcanti Neves lutou pelo restabelecimento do habeas corpus, pela revogação da pena de morte, entre outras medidas.
Na gestão dele, a OAB nacional ainda atuou para que fosse esclarecido o desaparecimento de Rubens Paiva, então deputado federal pelo Rio de Janeiro. Posteriormente, soube-se que o parlamentar foi torturado e morto por agentes da ditadura. “O desassombro das atitudes dele representou uma mudança significativa de postura da OAB, que assumiu um papel de destaque no enfrentamento aos excessos e abusos do regime”, destacou Waldemar Borges, em pronunciamento.
José Neves Filho, ex-vereador do Recife e filho do advogado, representou a família, junto com o neto do homenageado, Carlos Neves, que discursou em nome dos familiares. “Meu avô era duro nos seus argumentos, mas sem negar a possibilidade do debate e do diálogo. E foi assim, em seus bem vividos 100 anos, que ele deixou uma marca indelével na história deste País”, assinalou.
“Na fase mais aguda da ditadura, ele fez a opção de sentar-se à mesa com o regime para impedir que a voz da advocacia fosse calada. Foi uma opção inteligente, mas difícil, que o colocou em risco de não ser reconhecido por nenhum dos dois lados. Mas foi assim que conseguiu trazer as informações sobre as perseguições e torturas para o Conselho Federal da OAB”, relembrou Carlos Neves.
A solenidade também teve a presença dos deputados João Paulo (PCdoB) e Diogo Moraes (PSB). Além deles, compareceram a presidente em exercício da OAB/PE, Ingrid Zanella, e o vereador do Recife José Neto (Pros). Representando o Governo Estadual, o procurador-geral, Ernani Medicis, e o secretário-executivo de Relações Institucionais, José Maurício Cavalcanti.
Com informações da Alepe.
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